sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Entrevista com Coronel Estigarribia

O grupo 1 da turma 102, ao ler um livro que contava a vida de Marechal Osorio, resolveu procurar quem era o escritor. Descobrimos que ele é um pintor que mora aqui em Porto Alegre, mas está sempre viajando. Entramos em contanto e conseguimos realizar uma entrevista com o chamado Coronel Estigarribia.

1 – Primeiramente, gostaríamos de saber se o senhor é um cavalariano.

Sim, fui para Academia Militar das Agulhas Negras e saí aspirante em 1956. Em minha carreira militar realizei vários cursos de graduação, como Forças Especiais. Na realidade fiz tudo que é curso.

2- Alguma vez na vida, já pintou Osorio ou alguma obra que ele estivesse envolvido, como as guerras que ele participou?

Ahhh sim, sim! Eu sou pintor há 14 anos. Já pintei mais de 200 quadros que estão espalhos pelo mundo - nos Estados Unidos, na Itália. De Osorio já pintei mais ou menos 7 obras.

3- O que o levou a pintá-lo?

Na verdade, eu fui convocado pelo Exército Brasileiro a prestar serviços quando fui para a reserva. Virei PTTC e agora escrevo livros históricos e pinto obras de guerras, do exército, históricas também.

4- Onde se encontram algumas dessas obras?

Além de várias obras estarem espalhadas pelo mundo, algumas pinturas que retratam esse gaúcho estão no Regimento Osorio e no Parque Osorio. Tem uma que está em Quaraí, outra no cassino dos oficiais, mais uma no Regimento que tem comprimento de 12 metros e 80 centímetros, enfim, elas estão em vários lugares.

5-O que despertou no senhor o interesse de escrever um livro sobre Manuel Luis Osório?

Eu não pedi para escrever, me perguntaram se eu faria um livro para o Bicentenário de Osorio. No início, eu não queria porque hoje existem muitos escritores competentes, famosos, mas acabei fazendo. Esse livro não é vendido, apenas distribuído. E o financiamento da obra por grandes empresas ajudou bastante o desenvolvimento do livro. Anteriormente não tinha interesse em escrever, apenas era uma missão.

6-Como o senhor ficou conhecendo tanto da vida desse herói?

Ahh, eu tive que pesquisar bastante. No ínicio não tinha interesse, depois conheci a vida dele e acabei me interessando. Cheguei a ir ao Paraguai, assisti palestras, li todos os livros que tratasse do assunto – o melhor deles foi o que o filho de Osorio escreveu e outro que os seus netos fizeram. Busquei o máximo de informação possível para conhecer mais a história. Todos as outras obras que se relacionam a Osorio, foram criadas a partir do livro do filho e netos de Osorio. Meu livro ficou um pouco diferente porque fui ao Paraguai e lá tive o apoio por parte de um historiador que mostrou os lugares onde o Marechal viveu e passou, inclusive grande parte das imagens que tem no livro foram fotografias que eu mesmo tirei ou obras minhas. Também procurei colocar todos os mapas das guerras, pois geralmente os livros contam a história das guerras, mas nunca mostram o local.

7- Na sua opinião, Osorio foi a pessoa certa para ser escolhido como patrono da arma de cavalaria? Por quê?

Osorio foi um homem com tanta projeção, que até a década de 30 era aclamado como o maior no exército, até mesmo mais do que Caxias. Mas Caxias tinha uma visão melhor do Brasil, conhecia todos os cantos do país, então decidiram que em termos de nação ele seria melhor do que Osorio. A diferença entre eles dois também é que Osorio veio de baixo e Caxias sempre foi reconhecido. E depois que Manoel entrou no exército, como o país estava no meio de muitas guerras com Osorio sempre presente, ele não podia mais entrar na Escola Militar do Exército, diferentemente de Duque de Caxias, que fez parte dessa instituição. Osorio subiu na carreira porque tinha coragem e lutou a vida inteira. Era um gaúcho típico, um homem de “boa estampa” (linguagem da época). Chegou a ser cogitado em ele ser o patrono do Exército, mas quem foi o escolhido foi Duque de Caxias e ele para patrono da cavalaria.

8- Em sua opinião, o reconhecimento feito hoje a Manuel Luis Osório faz jus a sua história de vida? Por quê?

Partidos do nosso próprio país ou de países vizinhos tentam apagar os nossos heróis. As pessoas possuem uma idéia pelo aquilo que todos falam, sem possuir o devido conhecimento. Eu acredito que as pessoas não têm que visualizar a vida dos heróis de forma generalizada e tento pintar como realmente eles eram.

2 comentários:

Suzana Gutierrez disse...

Uma excelente idéia a entrevista. Além de escritor, o coronel fi um pesquisador no tema e sua visão das diversas fontes pode ampliar a compreensão de vocês sobre o contexto onde Osório viveu.

abraço!

OTIMO disse...

Muito boa essa entrevista