◊ ENTREVISTA COM GENTE MORTA
O Lendário Cavalariano
Soldado ainda menino, Osorio era um estrategista cujas façanhas impressionavam até os inimigos. Um general intrépido que combatia no front das batalhas. Foi Patrono da Cavalaria brasileira, além disso, um herói gaúcho! Um mês antes de morrer, ele recebeu nossos repórteres do Blog Marechal Osorio para uma áspera e breve conversa.
Por BLOG MARECHAL OSORIO
Filho de militar , Manoel Luis Osorio escolhe seguir a carreira de seu pai, combatendo pela primeira vez ao lado dele quando possuía apenas 15 anos de idade, mas sem deixar de pensar em sua amada mãe Ana Joaquina. Muito mais que soldado, Osorio era a Lança do Império, o guardião das fronteiras do Brasil , o centauro, o lendário, um gaúcho e brasileiro amante de sua pátria. Participou de guerras e batalhas comandando e lutando na Cavalaria brasileira que foram de imprescindível importância para o Brasil.
Osorio foi promovido várias vezes até chegar de soldado a Marechal de Exército Graduado e, dois anos antes de morrer, o cavalariano foi escolhido para Senador do Império. Nesta entrevista, nosso herói, já enfermo, respondeu todas as perguntas emocionado-se por relembrar suas celebre atuações como cidadão brasileiro.
BLOG MARECHAL OSORIO – O senhor é filho de militar. Mesmo com o perigo desta escolha que seu pai fez, você optou ir pelo mesmo caminho. Quando e onde o senhor começou a carreira militar?
OSORIO – Meu pai, Manuel Luís Osorio da Silva Borges, era um destacado e condecorado militar que lutou pelo Estado Oriental em várias guerras. Eu já demonstrava muito interesse sobras as campanhas militares de meu pai desde menino. E então, no dia 01 de maio de 1823, com 15 anos incompletos, assentei praça na Cavalaria da Legião de São Paulo e acompanhei o Regimento de meu pai na luta contra as tropas portuguesas do Brigadeiro Dom Álvaro da Costa, estacionadas na Cisplatina, que não aceitavam a independência do Brasil. Tive meu batismo de fogo à margem do arroio Miguelete, em 13 de maio, nas proximidades de Montevidéu, em um combate contra a cavalaria portuguesa.
Todos sabem da participação do senhor na Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha que foi uma revolução regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Este foi o conflito armado mais duradouro que ocorreu no continente americano. Como foi participar na Guerra dos Farrapos?
Participar desta guerra foi muito importante para a minha vida. Era Tenente Osorio, naquela época, estava servindo na Vila de Bagé, quando me casei com a Sra. Francisca Fagundes. Foi no período de 1835 a 1845, que tive participação ativa na revolução Farroupilha, sempre fiel à integridade do Império e à segurança do trono do infante monarca. Fui de Tenente a Tenente-Coronel no transcurso dessa guerra, auxiliando Caxias na feitura da paz ansiada, que se selou no dia festivo de 25 de fevereiro de 1845.
Sabemos que o senhor casou-se com Francisca, mas seu coração pertenceu realmente a Ana. O que conta sobre isso ?
Francisca era uma boa mulher, filha do juiz de paz Zeferino Fagundes de Oliveira e Vivência Constança de Sousa. Gostava dela, mas não foi o grande amor da minha vida. Quando estava em Rio Pardo e ainda era Tenente, conheci Ana e me apaixonei. Os pais dela, considerando que eu como Tenente não ganhava o suficiente para constituir uma família, obtiveram do Comandante das Armas minha designação para a fronteira. Mesmo longe, correspondia com a minha amada. Mas assim que os pais dela souberam dessa correspondência, trataram de arranjar o casamento de Ana com um homem rico. Um dia, veio de um portador de confiança, o pedido de Ana que eu a buscasse, mas o portador se atrasou um mês e, nesse meio tempo, correu a noticia de que Osorio havia morrido. Então, vou para Rio Pardo, mas chego tarde demais e Ana já havia se casado. Ela viveu pouco e quando preparavam os atos fúnebres, descobriram, de modo indelével, no lado do seu coração, o meu nome: Osorio.
Como recebeu o título de Marquês do Herval?
Bom, no início de 1855, após breve instalação na guarnição de Jaguarão, eu fui nomeado para comandar a fronteira de São Borja. Promovido a Brigadeiro-graduado no ano de 1856, logo depois fui incumbido de organizar uma expedição para descobrir riscos ervais, entre os rios Pindaí e Sebolati, no Alto-Uruguai. Bem sucedido na missão, recebi mais tarde o título nobiliárquico: Marquês do Herval.
Sabemos que a Batalha de Tuiuti foi o maior combate travado na América do Sul, onde Osorio registrou na Ordem do Dia n°56: “A glória é a mais preciosa recompensa dos bravos.”. Conte-nos a sua experiência nesta batalha.
Bom, vou resumir um pouco sobre meu movimento na Guerra do Paraguai. A Batalha de Tuiuti representou o ápice de minha trajetória, nele fui me firmando pelos meus conhecimentos táticos e bravura, demonstrando ser um verdadeiro comandante de batalha descrito por outros. Em 15 de julho de 1866, ainda em Tuiuti, os aliados aguardavam a chegada das forças do General Porto Alegre. Enquanto isso, o inimigo fustigava diariamente. Fiquei muito aborrecido e insatisfeito com o longo período da tropa estacionada, então passei o comando das tropas brasileiras ao Gen Polidoro da Fonseca.
Todos sabem que Osorio é um homem valente reconhecido por sua bravura, porém mortal como qualquer outro ser humano, podendo ser ferido. Recorda-se de quando e onde foi ferido pela primeira vez?
Lembro como se fosse hoje. No dia 11 de dezembro de 1867, na Batalha do Avaí , sou ferido na face, por um inimigo em tocaia, fraturando o maxilar, ao tomar toda a posição de artilharia inimiga. Na ocasião, disse: “Coragem, camaradas! Acabem com o resto!”. (foto)
O Imperador D. Pedro II consagrou-te várias vezes. Cite algumas experiências com o Imperador.
As que mais me recordo foi ao ser promovido como Brigadeiro, em 1856, que fui presenteado por dom Pedro II, recebendo uma Pistola Tower. Mas não foram apenas os momentos com dom Pedro II que foram marcantes. Em 1871, em reconhecimentos aos feitos na guerra, recebi do coronel Deodoro da Fonseca o Sabre de Honra. Verdadeira jóia, a arma cinzelada em ouro e ornada de brilhantes diamantinos. Na lâmina, estão gravadas cenas de combate. A dedicatória: “Do Exército ao bravo Osorio”.
O Lendário Cavalariano
Soldado ainda menino, Osorio era um estrategista cujas façanhas impressionavam até os inimigos. Um general intrépido que combatia no front das batalhas. Foi Patrono da Cavalaria brasileira, além disso, um herói gaúcho! Um mês antes de morrer, ele recebeu nossos repórteres do Blog Marechal Osorio para uma áspera e breve conversa.
Por BLOG MARECHAL OSORIO
Filho de militar , Manoel Luis Osorio escolhe seguir a carreira de seu pai, combatendo pela primeira vez ao lado dele quando possuía apenas 15 anos de idade, mas sem deixar de pensar em sua amada mãe Ana Joaquina. Muito mais que soldado, Osorio era a Lança do Império, o guardião das fronteiras do Brasil , o centauro, o lendário, um gaúcho e brasileiro amante de sua pátria. Participou de guerras e batalhas comandando e lutando na Cavalaria brasileira que foram de imprescindível importância para o Brasil.
Osorio foi promovido várias vezes até chegar de soldado a Marechal de Exército Graduado e, dois anos antes de morrer, o cavalariano foi escolhido para Senador do Império. Nesta entrevista, nosso herói, já enfermo, respondeu todas as perguntas emocionado-se por relembrar suas celebre atuações como cidadão brasileiro.
BLOG MARECHAL OSORIO – O senhor é filho de militar. Mesmo com o perigo desta escolha que seu pai fez, você optou ir pelo mesmo caminho. Quando e onde o senhor começou a carreira militar?
OSORIO – Meu pai, Manuel Luís Osorio da Silva Borges, era um destacado e condecorado militar que lutou pelo Estado Oriental em várias guerras. Eu já demonstrava muito interesse sobras as campanhas militares de meu pai desde menino. E então, no dia 01 de maio de 1823, com 15 anos incompletos, assentei praça na Cavalaria da Legião de São Paulo e acompanhei o Regimento de meu pai na luta contra as tropas portuguesas do Brigadeiro Dom Álvaro da Costa, estacionadas na Cisplatina, que não aceitavam a independência do Brasil. Tive meu batismo de fogo à margem do arroio Miguelete, em 13 de maio, nas proximidades de Montevidéu, em um combate contra a cavalaria portuguesa.
Todos sabem da participação do senhor na Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha que foi uma revolução regional de caráter republicano contra o governo imperial do Brasil, a então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Este foi o conflito armado mais duradouro que ocorreu no continente americano. Como foi participar na Guerra dos Farrapos?
Participar desta guerra foi muito importante para a minha vida. Era Tenente Osorio, naquela época, estava servindo na Vila de Bagé, quando me casei com a Sra. Francisca Fagundes. Foi no período de 1835 a 1845, que tive participação ativa na revolução Farroupilha, sempre fiel à integridade do Império e à segurança do trono do infante monarca. Fui de Tenente a Tenente-Coronel no transcurso dessa guerra, auxiliando Caxias na feitura da paz ansiada, que se selou no dia festivo de 25 de fevereiro de 1845.
Sabemos que o senhor casou-se com Francisca, mas seu coração pertenceu realmente a Ana. O que conta sobre isso ?
Francisca era uma boa mulher, filha do juiz de paz Zeferino Fagundes de Oliveira e Vivência Constança de Sousa. Gostava dela, mas não foi o grande amor da minha vida. Quando estava em Rio Pardo e ainda era Tenente, conheci Ana e me apaixonei. Os pais dela, considerando que eu como Tenente não ganhava o suficiente para constituir uma família, obtiveram do Comandante das Armas minha designação para a fronteira. Mesmo longe, correspondia com a minha amada. Mas assim que os pais dela souberam dessa correspondência, trataram de arranjar o casamento de Ana com um homem rico. Um dia, veio de um portador de confiança, o pedido de Ana que eu a buscasse, mas o portador se atrasou um mês e, nesse meio tempo, correu a noticia de que Osorio havia morrido. Então, vou para Rio Pardo, mas chego tarde demais e Ana já havia se casado. Ela viveu pouco e quando preparavam os atos fúnebres, descobriram, de modo indelével, no lado do seu coração, o meu nome: Osorio.
Como recebeu o título de Marquês do Herval?
Bom, no início de 1855, após breve instalação na guarnição de Jaguarão, eu fui nomeado para comandar a fronteira de São Borja. Promovido a Brigadeiro-graduado no ano de 1856, logo depois fui incumbido de organizar uma expedição para descobrir riscos ervais, entre os rios Pindaí e Sebolati, no Alto-Uruguai. Bem sucedido na missão, recebi mais tarde o título nobiliárquico: Marquês do Herval.
Sabemos que a Batalha de Tuiuti foi o maior combate travado na América do Sul, onde Osorio registrou na Ordem do Dia n°56: “A glória é a mais preciosa recompensa dos bravos.”. Conte-nos a sua experiência nesta batalha.
Bom, vou resumir um pouco sobre meu movimento na Guerra do Paraguai. A Batalha de Tuiuti representou o ápice de minha trajetória, nele fui me firmando pelos meus conhecimentos táticos e bravura, demonstrando ser um verdadeiro comandante de batalha descrito por outros. Em 15 de julho de 1866, ainda em Tuiuti, os aliados aguardavam a chegada das forças do General Porto Alegre. Enquanto isso, o inimigo fustigava diariamente. Fiquei muito aborrecido e insatisfeito com o longo período da tropa estacionada, então passei o comando das tropas brasileiras ao Gen Polidoro da Fonseca.
Todos sabem que Osorio é um homem valente reconhecido por sua bravura, porém mortal como qualquer outro ser humano, podendo ser ferido. Recorda-se de quando e onde foi ferido pela primeira vez?
Lembro como se fosse hoje. No dia 11 de dezembro de 1867, na Batalha do Avaí , sou ferido na face, por um inimigo em tocaia, fraturando o maxilar, ao tomar toda a posição de artilharia inimiga. Na ocasião, disse: “Coragem, camaradas! Acabem com o resto!”. (foto)
O Imperador D. Pedro II consagrou-te várias vezes. Cite algumas experiências com o Imperador.
As que mais me recordo foi ao ser promovido como Brigadeiro, em 1856, que fui presenteado por dom Pedro II, recebendo uma Pistola Tower. Mas não foram apenas os momentos com dom Pedro II que foram marcantes. Em 1871, em reconhecimentos aos feitos na guerra, recebi do coronel Deodoro da Fonseca o Sabre de Honra. Verdadeira jóia, a arma cinzelada em ouro e ornada de brilhantes diamantinos. Na lâmina, estão gravadas cenas de combate. A dedicatória: “Do Exército ao bravo Osorio”.
Após um mês da entrevista, Marechal Osorio falece. Perdia o Brasil, naquele momento, um soldado de trajetória cívico-militar exemplar. Extinguia-se uma das mais valiosas existências, símbolo de um povo, síntese de uma época.
Fontes:
- General Osorio 200 anos (Uma Tragetória Exemplar de Soldado)
- Jornal Zero Hora ; sábado, 10 de maio de 2008
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